Estacionamento
Rotina de uma atividade remunerada,
A movimentação típica empregatícia,
Os uniformes feito fardas, de cor azulada,
O tempo demarcado por uma racional logística.
O sobe e desce da cancela,
Determinando quem entra e quem sai,
Se um tiquete der problema, o cliente espera,
O fluxo de carros deve continuar, um vem e outro vai.
Da pequena guarita o olhar controla,
Modelo panóptico que invejaria Foucault,
Além dos olhares que sobre o quadrilátero, vem de fora,
A voz da gravação anuncia que um carro agarrou.
Tiquetes sendo cuspidos,
Vomitando aquele papel contínuo,
Informações que saem por delimitados motivos,
Aquela fileira em forma de caracol com sentido contíguo.
Pagamentos e recebimentos,
Troca-se um papel por outro,
Verdadeiro escambo de estacionamento,
Criando em dado momento, algo absorto.
Homens e mulheres sem sexo,
Definidos pela palavra funcionário,
Diluídos no serviço, como algo sem nexo,
Alguns adenquam-se ao sistema perdulário.
A tela demonstra a movimentação,
Os veículos circulam pelo pátio,
Alguém esbraveja por certa irritação,
Existe a comunicação que relata por rádio.
Os cones mostram parados onde não se parar,
As linhas calculadas para explorar o máximo de vagas,
São tantos modelos que fica difícil registrar,
Mas o olhar curioso se detém no que mais lhe agrada.
A cancela subiu e não desceu,
Parece negar sua função,
Outra vez uma desceu e não subiu, se esqueceu,
Contratempos existem em toda profissão.
Os assuntos são variados,
Novidades de fora ou de dentro do setor,
Os interesses são diferenciados,
Mas a solidariedade proletária é fruto do labor.
O vidro com uma pequena abertura,
Função financeira, espaço denominado caixa,
Pela fresta o outro se desnuda,
Comunicação sucinta pela função rotativa, que deve ser prática.
O dia-a-dia demonstra sua versatilidade,
Automóvel estacionado em cima da faixa,
Outros que perderam sua funcionalidade,
Exceções para não cobrança de alguma taxa.
Cancela com avaria,
Necessitando resetar o mecanismo,
Não se pode deixar formar fila,
É preciso o ir e vir garantido.
Sai o sol e ocupa o espaço,
Mesmo não pagando tarifa,
A noite também imita o astro,
Ainda existe o seguro como garantia.
Bom dia, boa tarde e boa noite,
Faz parte do hábito de sociabilidade,
Mesmo que exigido isso não fosse,
O bem tratar é regra da mais tenra idade.
As horas passam como o fluxo de automotores,
Experiências que vão sendo acumuladas,
Somando alegrias e até mesmo dissabores,
Vivências que servem de cenário à nossa estrada.
O gesto solidário sempre é bem-vindo,
A senhora idosa que só precisa de um sorriso,
O bebê que merece proteção extra, dos pais é querido,
Além de apaziguar possíveis conflitos.
O sensor detecta o código de barras,
Mas só a emoção consegue adentrar ao coração,
No fim do dia, em meio à pecúnia contabilizada,
Teremos o real valor gravado no amor ético em forma de profissão.