O Beato
Na igreja foi educado,
Sua vida desde pequena foi moldada,
Religioso recatado,
Com moral tradicionalmente fabricada.
Foi batizado com nome bíblico,
Os pais seguiam o catolicismo com muito esmero,
Seu porte não era de vigor físico,
Tendo delicadeza, uns tendo-o por feminino, por certo.
Adequou sua vida à religião,
Procurava não cometer os chamados excessos,
Estudava a bíblia com devoção,
Canhoto, mudou o hábito da escrita pra ser destro.
Não tinha às práticas da gurizada,
Molecote caseiro que orgulhava a família toda,
Sua fala era mansa e muito refinada,
Na escola era um destaque para as professoras.
Foi crescendo rápido,
Na adolescência, pelos colegas,
Foi muito mais cobrado,
Manteve a postura, assim fizera.
Desenvolveu-se no catecismo,
Admirado até chegar à primeira comunhão,
Eucaristia como prêmio conseguido,
Feito ensino fundamental da comum educação.
Ganhando tanto destaque,
Prestando serviços comunitários,
Foi logo de coroinha a padre,
Respeitando o itinerário hieráquico.
Quando assumiu paróquia,
Os fiéis louvaram por considerarem merecido,
Na cidade se tornou história,
Agora enchia as missas com admiradores convictos.
As reuniões com o clero,
Muitas vezes o enfadavam com a prosa senil,
Imaginando quando fosse velho,
Logo voltando a sua realidade de jovem viril.
Os desejos cresceram,
Num dia estava com uma beata daquelas fogosas
Que os céus socorreram,
Foi sexo gostoso na sacristia, por horas e horas.
Viu a força de seu dote,
Conquistava fácil as cabrochinhas das redondezas,
Se considerava beato de sorte,
Não perdoava nem as mulheres de recatada madureza.
Mas obteve prazer maior,
Descobriu um novicinho apetitoso que o servia,
No coroinha a sodomia era primor,
Agora recrutava novos adeptos para sua tarada mania.
Alguns casos vazaram,
Notícia de boca a boca e reunião com os confrades,
Dele não desconfiavam,
Ninguém abre os olhos diante da mais pura verdade.
Viveu como feliz beato,
Uns até disseram que deveria se candidatar a Papa,
Mas gostava era dos pirralhos,
Vai que em Roma não pudesse ter suprida sua tara.
Gostava dos moleques,
Daqueles bem brasileiros, que os pais nem se preocupam,
A seu comando submetem,
Brindados com vinho de boa safra, goles longos que os tonéis enxugam.
Veio a onda de pedofilia,
Mas a igreja é uma mãe para seus filhos queridos,
Denúncia, jamais o antingiria,
Se mudassem-no de paróquia, os guris de agora seriam preteridos.
Assim seguiu até a velhice,
Mesmo decrépito ainda pedia uma exibição da meninada,
Morreu com pompa que o cargo exige,
Deve ter ido pro céu de anjos meninos ou pro inferno de capetícia gurizada.