A DROGA É PROBLEMA NUNCA A SOLUÇÃO

No longo deserto que foi a minha

vida sem pretextos nem contextos

vi-me na eminência de chamar a

mim o sol da vida uma outra vez.

A droga que tinha consumado minha

vida num verdadeiro suplício, ainda

assim me fez crer que era possível

recuperar a juventude, inda que com

cabelos cãs. Levantei as mãos aos céus

como num ritual e olhei para trás de mim

e vi a miséria no meu rosto e no rosto

de todos quantos tinham optado por

essa mísera vida. Nada logrei aqui só

desgraça e dor, muita dor, que me fez

sofrer como nunca o havia sofrido

em toda a minha vida pautada pela droga.

Já não havia o sorriso só lágrimas e dores

e eu vi que a droga não era a solução, pelo

contrário era o problema, que me levava

os dias a consumir-me interiormente.

Por isso alcei braços aos céus e pedi que

me tirassem dali, das overdoses, das

hepatites, das noites sem dormir e dos

dias sem comer passando-os com uma

simples fruta e um pão. Mas miséria de

todas as misérias eu já nem tinha dentes

para comer, a droga os havia apodrecido

até à gengiva e não era raro sangrar das

mesmas, só por tentar comer alguma coisa

que me mantivesse hirto o suficiente para

as forças que se me escapavam pelos dedos

das mãos com areia numa ampulheta louca.

Veio o dia que não tinha mais para sofrer

a morte pairava a meu lado dormia comigo

e esse seria meu destino, seria se não

tivesse logrado deixar a droga entregando-me

à minha força interior com todo o sofrimento

atroz na dor da ressaca, mas tudo passou e eu

voltei à vida, novamente cheia de benesses,

uma outra vez plena de riquezas exteriores…

Jorge Humberto

28/05/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 29/05/2010
Código do texto: T2287339
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.