HOMENS SEM NOME

Na crua rua homens sem destino

caminham, sem uma ilusão sequer

um sonho que se realizasse

se possível fosse à sua condição

de sobreviventes.

Sobreviventes de rua, mendigos

dobrados em quatro numa escada

qualquer, sem que lhe seja permitido

ser mais do que são, ou seja nada,

sequer um nome… uma personalidade.

Suas casas são de cartão e de plástico

e o tempo não tem piedade pelos

desafortunados, que caíram em desgraça

num dia que de há muito já esqueceram,

como da falta de pão para a boca.

Caminham estradas de pó que lhes seca

os lábios e lhes traz de longe a sede que

tanto anseiam matar, rasando olhos na água

para ver o sol nascer detrás dos degraus

onde dormem seus sentidos apurados.

São apenas figurantes desta comédia

chamada vida, que os estigmatizou e lhes

roubou a pureza de serem seres humanos

com direitos e deveres…

serem o que são são-no a bem da sociedade.

Jorge Humberto

09/03/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 10/03/2010
Código do texto: T2130707
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