A POESIA DOS ALIENADOS
A maioria dos brasileiros gosta de coisa romântica
Gosta de fantasia e festa
Aqui a política de Roma ainda faz sucesso
Nas eleições a velha estratégia de aliciar eleitor ainda é o pão e circo
Como se trata o gado ainda se trata o povo
Mas gado a gente marca, tange e ferra
Mas com gente é diferente
Não podem marcar um sem-terra
Nem colocar na pele do peão as iniciais do patrão
Nosso troco daremos no voto
De quatro em quatro anos iremos à forra
Contra os ratos do poder e...
Líderes da corrupção.
Pena que o povo alienado
Pena que o povo alienado
Já está acostumado
A viver de farra, novela e badalação
Mal consegue interpretar um texto bem elaborado
É nisso que eles apostam
Na falta de conhecimento crítico
Pois sabem que maior parte do povo
Mesmo comendo arroz, ovo e feijão
Fica preso às fantasias das novelas do plim-plim
E quando vêem a realidade
Meneando a cabeça fingindo não acreditar
Continua o mesmo povo a viver de ilusão
Para um povo aleijado religião vira muleta
As igrejas viram prontos-socorros de desesperados
E como o gado laçado
Levado ao matadouro
O povo alienado
Sacrifica a sua vida
Acreditando que o sofrimento
É mesmo a sua redenção
Trabalha, se aposenta e morre acreditando
Que tudo que fez foi mesmo para o bem de sua nação
Enquanto na Assembléia Legislativa
Novas leis são como orgivas nucleares
Que caem como uma explosão
Eliminando os nossos direitos
Tirando até de quem nasce
A dignidade de sujeito que pensou ser cidadão
Sonhou, lutou e morreu
Vítima da aviltrante exploração.
Que pena que o povo, gosta mesmo é de poesia romântica
Poesias que exaltam o verde das florestas, mas esquecem
Que poesia não é só beleza
Poesia é também tristeza
Poesia fala de favela
Menina de farol
Nunca virou cinderela.
Ninguém quer dar atenção
À poesia da contradição
Pois preferem a fantasia
A romper com a ilusão.
A poesia que exalta o belo
Faz sucesso de montão
E até mesmo música brega
Faz pé-de-chinelo um milionário
Basta cantar muita besteira
E rebolar o poposão
Pra ter público fiel
Basta rimar uns palavrões
Assim é o povo brasileiro
Fanático por futebol
É povo alienado
De fácil manipulação
Por isso ainda faz sucesso
Assim como na Roma Antiga
A política do circo e do pão
Aqui tmbém faz sucesso
Em época de eleição
Nas fábricas cada operário
É mesmo um gladiador
Que se mata na arena
Alimentando a máquina capitalista
Divertimento do patrão
E enquanto os parasitas lucram
Trabalhador trabalha como um louco
Simplesmente para encher ainda mais
O bolso dos parasitas
O parasita do patrão
Que como um verme suga o sangue
Do pobre operário
Que com seu trabalho honesto
Alimenta essa nação.