RECÔNCAVO, JUDIADO RECÔNCAVO.

A juventude e a beleza da marisqueira, corroídas pelo sal;

A pele rubra do resignado pescador, castigada pelo sol;

Na lama desnutrida e cansada,

Já não há caranguejo, ou sururu;

No mangue amarelado e surrado,

A ausência do Siri e aratu;

Na secular fazenda-cemitério,

Descansa em paz o falecido viveiro;

No fantasmagórico deserto do porto,

Jaz um esqueleto de saveiro;

No já escasso e devastado mato,

A paca e o tatu se extinguiram;

Já nas antigas choupanas,

Os inquilinos sumiram.

Mas a igreja e o cruzeiro da antiga praça,

Ainda existem;

E os versos barroco do inconformado Poeta,

Ainda resistem.