São de espanto os olhos

São de espanto,

Os olhos

São procura,

Desejo de fuga

São de medo,

Os contornos

Dos lábios,

Estremecimento de

Pétalas –

Na garganta

Aprisionada, como

Gavinhas de aço,

Sufocando

A pergunta

E são de sangue,

As unhas,

Debatendo-se

As pernas,

Contorcendo-se,

E as roupas (agora trapos,

Tecido-timidez),

Após o rasgo,

Da lâmina e

Da penetração,

Assassina

Rosa abandonada,

De braços em

Concha

Fechando-se,

Chamando,

A si, a dignidade –

No tapar

A nudez,

Aos olhos-pedra,

Da Cidade

Jorge Humberto

in A Cidade 1ª parte O Membro

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 02/07/2006
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