A uma criança (uma triste realidade)

Pobre criança,

Por que tu não queres mais

no portão de casa brincar?

"Vamos, venha logo cirandar..."

E o teu olhar me entristece

Choro o mesmo pranto teu

O homem louco, cruel e doente

Derrubou teu castelo de areia

Com teus amigos não quiz mais brincar

O isolamento que já se tornou constante...

"Aquele anel que tu me destes, era vidro e se quebrou"

Assim como a confiança em quem tanto tu amavas

Aquela casinha de bonecas perdeu-se no espaço

Tanto medo no teu olhar

Olhos que outrora viviam a brilhar

E a seqüela de dias tristes

que tendem a te atormentar

"Três,três passará..."

Hoje tu não tens mais alegria

Os palhaços da tua infância já não te fazem rir

O teu tempo de criança são sessões de psicoterapia

"Se esta rua fosse minha, eu mandava ladrilhar

Com pedrinhas de ternura"

Para tu, doce criança, passar.

Teu silêncio quebra os vidros da casa

"Uma casa sem graça, sem esmero, sem chão"

São segredos que preferia não guardar

À noite não consegues mais dormir

Teus sonhos encantados transformados em pesadelos

Teus fantasmas tão reais, uma criança tão indefesa...

Assim como um pássaro ferido

Desprovido de suas asas, impedido de voar

Tu precisas ser cuidada, amparada e amada

E nunca, nunca mais violentada

Brincar de amarelinha, passar anel e pular corda

Fazer riscos na calçada. Viver!

Dinoélia di Cássia
Enviado por Dinoélia di Cássia em 27/09/2009
Reeditado em 08/11/2015
Código do texto: T1834296
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.