Visionário


Do livro Eu e meu destino


Visionário, ele pegou um sol pálido
e pôs no bolso do paletó - surrado como ele ¬
e saiu por aí vendendo claridade ...
Ofereceu, à menina que passava,uma claridade pura,
cristalina e azul como a manhã nascida,
para colorir seus olhos excessivamente negros
e ela nem ligou...
Para o "pivete" que limpava os pára-brisas
alheios, ofereceu uma clareza especial,
que rotulara: - claridade do destino!... ¬
E ele nem atentou para o seu gesto...
Para a anciã ofereceu uns raios também
especiais que clarearia seus últimos dias
suas últimas horas... e ela não lhe deu bola...
E ele foi assim, cheio de claridades
mas sem serventia...
clareando a bem dizer a sua própria sombra
seu próprio abandono, como um cão sem dono...
Pobre visionário cheio de visões
que vive enclausurado
dentro de um mundo pequenérrimo e seu!..