MALUNGOS
Teu choro cor de Zanga
pariu do corpo a dor
Misturou-se sangue e terra
ódio e paz, amor e guerra
Viste o sofrimento de um povo
o lamento do cativeiro
a hora de liberdade voar
O que teus olhos viram
teu corpo pariu
As cicatrizes, o sangue,
o extermínio, as lágrimas
fecundaram teu corpo
em gesto cor e poesia
O abstrato se concretizou
materializou-se na cor.
Os rebentos ainda rebeldes
colhem flores políticas
beijam mãos religiosas
cantam hinos libertinos
O que teus olhos viram
teu corpo pariu