OS ESQUECIDOS

Os esquecidos, caminham, pelas manhãs,

de cabeça baixa, como que não querendo

ofender ninguém, pela fragilidade, de seus

velhos corpos, atingida a idade, sem volta.

Encostados às paredes, das casas em ruínas,

que, de há muito, já perderam, todo, o seu

esplendor, a passo lento lá vão, devagarinho,

buscar algo que comer, a meio a recordações.

Veste-lhes o negro, tristeza e pesada solidão.

E, como todos os esquecidos, desta vida,

sem nada nem ninguém, sequer seus filhos,

cedo aprenderam, a dizer não, à misericórdia.

Arrastam-se, pelas manhãs, os esquecidos,

de uma sociedade sem respeito nem valores.

Disfarça bem a morte seus lúgubres intentos…

E as crianças, na sua loucura, usam e abusam.

Jorge Humberto

14/06/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 15/06/2009
Código do texto: T1650077
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