Os dez anos de Rachel
Domingo, oito de fevereiro de 2009
O céu encoberto
Nuvens cinzas
Um aniversário
Uma alegria seria
Seria
Acaso a aniversariante
Menina Rachel
Estivesse presente
Teria bolo, brigadeiro
Risos, festejar
Haveria família reunida
Aquele pulsar do coração
Aquele apagar de velas
E os pacotes vazios dos presentes
Papéis coloridos
Tudo, tudo haveria
Mas hoje, a mãe
Maria Cristina
Nada comemora
Nada lhe consola
Perdeu a vontade de viver
Toda, toda sua razão
Partiu, quebrou-se
Aniquilou-se
A menina de olhos vivos
De sorrisso aberto
Das letras
Gostava de escrever
Rachel, uma escritora menina
Uma dôce menina
Brutalmente assassinada
Da saída escolar foi levada
Ninguém viu
Ninguém....
Violentada!
Depois de tudo
Abandonada dentro de uma mala
Na rodoferroviária de Curitiba
O infame monstro
Sumiu, qual destino tomou
Em qual ônibus entrou
Seguiu seu caminho de monstro
Retirou assim com ato bastardo
Tantos sonhos, tanta vida
Causou estrago, ferida
Graças á ti verme pestilento
Hoje não tem festa
Não há bexigas coloridas
Nada de parabéns, pega-pega
Cabra-cega
Vamos celebrar apenas
O horror
A falta
Vamos celebrar nostalgia
Melâncolia, agonia
Agora o sol timidamente aparece
Vamos todos fazer uma prece
Por ti pequena Rachel
Quem sabe não és tu
A brincar lá no céu
A fazer com que o sol
Por aqui apareça
Como quem diz
Ei humanidade
Onde estás tu?
Ei justiça
Quando se fará?
Domingos já são melancólicos naturalmente
No entanto hoje particularmente
Rachel esta ausente!