Diário de um Caipira

Por estes dia meu caro amigo

Vou dize uma coisa, vou falar pra tu

Eita! que certas pessoas parece que

Nasceu tudo com reizinho na barriga

Mai num sabi os pobre, pode ser outra coisa

A tar da lombriga!

Esse verme pestilento

Num têm nada que dê geito

Carece de mucha reza!

Esses cabra

Que anda por aí

Usando as ropa de marca

Uns de terno e gravata

São bonito só por fora

Num sabe que o valor de um home

De geito manera pode ser medido pelas veste

E as madame, aquelas que gosta de passa as tarde

Naquele tar de xoping, etá gastura danada

Compra as tar muié, tudo que percisa e inté o que num percisa

Despois fica com os lugar, de guarda ropa, tudo socadinho

As pobre tem inté dó de fazer doação

Perferem atuiá os guarda ropa

Num intendo uma coisa

Um dia queria intende

Como pode as pessoa, ser medida pelos pano que veste

Otro dia arresorvi faze um tar de teste

Me coloquei as meior das ropa

Uma que ganhei de uma viúva

O marido da muié tinha batido as bota

Foi pra terra dos pé junto

Mas então vortando ao assunto

Coloquei lá a ropa do defunto

Fui pro centro da cidade, uma boniteza só

Entrei numa loja, escolhi nos dedo

Era uma fineza só

Ces acretida que as dona

Memo eu falando anssim errado por demais

Vieram tudo pro meu lado

Eu, que num só tolo nem nada

Posso ser anarfabeto, mas esperto que só

Já fui adentrando o locar

Dizendo que era o tar

Dono dumas fazenda, com coisa poca

No totar umas vinte mil cabeça de gado

Vixi Maria, num sabia as tar menina o que faze pra me agrada

Fiz uma hora por ali, despois desconversei e disse que vortava otro

dia!

E pois vortei, mas vortei como eu mesmo, com minhas veste

Simples, como fror do campo

Pergunta, meu amigo, se arguém me noto

De geito manera, parecia que era transparente

Iguar água da nascente!

Etá gente demente

Só trata bem quem faz grado pras vista!

Mas e eu qui nunca fui de ser pessimista

Perferi esquecer tar acontecido

Vortei lá pro meu canto

Lá onde num tem esses pobrema

E so feliz da conta

Por viver bem longe desta gente que me espanta!

Julia Lopes Ramos
Enviado por Julia Lopes Ramos em 12/01/2009
Reeditado em 14/01/2009
Código do texto: T1381082
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