ANTIGAMENTE

Antigamente

a gente sentava na relva

e via o sol se por

Ria das cores

e tocava com ternura as flores

que nos acompanhavam

Antigamente

a gente passeava por todos os cantos

e descobria os encantos da vida

em qualquer canto de esquina

e sorria do riso franco dos amigos

Antigamente

a gente olhava a noite acordando

e sonhava coisas de juventude

se tocava de leve

e levava todo sonho até o fim

Antigamente

a gente costumava se encontrar sempre

e, em cada encontro, se entregar todo

a qualquer nova esperança de vida

Antigamente

a gente bebia vinho

e vinha logo uma gostosa sensação

de ser vivo

e vivia a todo instante apaixonado

pela vida e suas divididas

explosões de alegria

Antigamente

a gente dava as mãos

e afagava carinhosamente

a face do irmão

Antigamente

a gente estava sempre junto

sempre tinha assunto

Hoje

a gente mal se cruza

pouco se dá

e quase nunca sorri

Hoje

a gente mal se vê

mal se fala

mal se entende

Hoje

a gente só se cala.