desengano

Parte 1 - Insano, cartesiano, profano

Janelas abertas. Bom dia.

Fez uma semana que nos vimos.

Desde aquele dia, quero perguntar:

o que seria da gente,

senão fosse esse rompante humano?

Ah, eu gostaria de falar disso, sobre nós, com fulana ou fulano!

E te questiono, o que é isso?

Todo mundo sabe, o momento tá insano!

Voltei pra casa e seria capaz de prever um roteiro meio cabalístico,

cuspido da intuição

e menos mundano.

Acontece que na minha história e na sua,

nada há de cartesiano.

Às vezes escuto algo que parece sagrado, mas no fim, soa

como blefe profano.

Parte 2 - Mediano, cotidiano, kafkaniano

Portas abertas. Boa tarde.

Tempo voa.

Ontem tomando café, me vi de saco cheio,

dessa imensidão planejada, e,

pequeno que sou, em gota d´água me afogo,

qual oceano.

Pessoas não curtem ironia

ou subjetividades,

quiçá poema mediano.

E você me manda entrelinhas sem fim,

mistério e sorriso cotidiano.

Daí, me pede simplicidade e calmaria e eu,

meio adolescente,

meio veterano,

atravesso o combinado e me revelo, de novo,

menos pé no chão e mais kafkaniano. 

Parte 3 - Leviano, leminskiano, desengano

Mentes abertas. Boa noite.

Tô bem.

Sigo vendendo agradabilidades quase gratuitas,

mesmo que você me chame de leviano.

Ora eu mesmo, ora no espelho, te jogo palavra na rima,

assim, menos livre e sem muita noção,

mais leminskiano.

Nem tanto ao céu, nem tanto ao chão,

às vezes o contexto é trem que descarrilha e gera

um baita desengano! 

Cleyton Borges (Crônicas no Rascunho)
Enviado por Cleyton Borges (Crônicas no Rascunho) em 06/10/2020
Reeditado em 07/10/2020
Código do texto: T7081435
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