Da Minha Janela
Rua em movimento,
Dos motores ouço ruídos,
Uns quase silenciosos,
Outros barulhentos.
Olhos fechados, outros sons a perceber,
Uma conversa distante,
Um grito agudo de quero-quero,
A sonoridade do querer.
O cheiro também é mutante,
De asfalto queimado, calor escaldante,
Da poluição de um dia intenso
Ou da chuva que molha a terra,
Cheiro de infância por um instante.
As cores variam conforme o dia
Em diferentes momentos,
Vai de um azul de poesia
A tons de cinza de sofrimento.
Algumas vezes o sol intenso
Aponta no céu com energia,
Noutras vai embora deixando rastros
De rosa azulado de nostalgia.
E quando o dia morre enfim,
Céu límpido, luzes, estrelas e luar,
Um poema anoitece em mim,
Palavras em minha mente a dançar.
No rosto a sensação do vento,
As folhas que vem e vão,
Lembranças de sentimentos
Voltam no tempo, vem e são.