BOI LAMAÇAL

Nasci no mundo rural

Cresci entre matas e rios

Corri por dentro dos pastos

Sobre o cavalo Calafrio,

Galopava por toda relva

Não tinha medo de nada

A boiada passava louca

Ao buscá-las na invernada.

E... boiada

E... boiada

Não me deixem esperar

Venham logo me encontrar

Se não irei buscar!

Um dia um boi valente

Com uns chifres afinados

Boi bonito, porém desobediente!

Enfrentou-me muito arretado,

Depressa lhe joguei o laço

No danado do chifrudo

Derrubei o tal no chão

Mas ele ficou taludo.

E... boi

E... boi

Venha com gosto de gás

Que aqui cê vai prá trás

Sou o dono e não capataz.

Quis novamente me enfrentar

Mas parti sem dar espaço

Calafrio se arrepiou

E pulei com a mão no laço

Carquei-lhe as esporas

E o bicho pulou sem rumo

Daquele dia em diante

O danado entrou no prumo.

E... boi

E... boi

Mansinho cê vai ficar

Se não se acostumar

Na panela cê vai fritar.

Mas nada melhor que um dia

E uma grande noite no meio

Seguido por outro dia

O mal a este veio,

Morria no lamaçal

Atolado até o pescoço

O grande boi valente

Do qual foi um colosso.

E... boi

E... boi

Apesar de ser valente

Morrerás, mas diferente!

E não assim um boi carente.

Busquei o cavalo Baio

Ajudado por Alazão

Amarrei a corda nos chifres

E puxamos com emoção

O bicho então saiu

Do lugar enlamaçado

Feliz partiu ao mundo

Deixando-me emocionado.

E... boi

E... boi

Livre cê vai ficar

Nunca mais vai me enfrentar

Primeiro da fila cê vai estar!

Hoje não tenho trabalho

E é com grande alegria

Que vejo o valentão

Da fila sendo o guia

Trazendo todas as reses

Para dentro do curral

Este boi é de primeira

Seu nome agora é Lamaçal.

E... boi

E... boi

Não me deixem esperar

Venha logo me encontrar

Se não irei buscar!

OSIASTE TERTULIANO DE BRITO

28/07/1987

Loanda – Paraná

Osiaste Tertuliano de Brito
Enviado por Osiaste Tertuliano de Brito em 19/02/2020
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