OS SEMÁFOROS E OS SONÍFEROS DA VIDA (O Sinal fechou)

1° poema da série:

“O Cotidiano nosso de cada dia!”

OS SEMÁFOROS E OS SONÍFEROS DA VIDA (O Sinal fechou)

A vida parou no sinal

E me convidou para a reflexão

E enquanto

A letargia do vermelho

Se impunha

Sobre a vigília do verde,

Adormeci no meu pensamento

Cotidiano

.

E olhei para o exercício

Da sobrevivência

Malabarismos, mendicantes,

Náufragos do asfalto,

Vendedores de badulaques

Percebi que em algumas árvores

Havia pássaros e eles ensaiavam seus cantos

No tênue momento daquele falso silêncio

Os prédios não eram tão cinzentos como supunha

Talvez até guardassem algumas cores

Em suas fachadas

No dia em que o sol atapetasse

De raios aqueles frontispícios

Creio ter ouvido alguém a cantar uma litania

Do tipo que tenta obter moedas

Das mentes mais crédulas

Vi que um violino

Se afiava no seu arco

Desafiava-se no barco

Que todos estavam a navegar

No oceano das urgências

Que a fome ou o medo

Vinham com o violinista

Velejar

Versejar

Vitimar

.

Um balão subiu ao céu

Tentando encontrar aquele avião apressado

Lá em cima não tem sinal (ainda!)

E nuvens procuram

Esculpir imagens perdidas

Nos remotos sonhos infantis

.

O vermelho era meu sonífero

E o verde o sacrifício!

Aí aquele sonho acabou

E o despertador,

Vestido de buzina, tocou

.

O tempo pediu passagem

E o automóvel se moveu

E com ele o meu sonho se perdeu

Pelo menos até

O próximo sinal

Torcendo que nas cores

Que a vida pinta

Ela traga o vermelho

De novo.

.

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 07/12/2019
Reeditado em 16/12/2019
Código do texto: T6812794
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