Embaixo da ponte
Em cima do asfalto quente
Carros disputam passagem
Embaixo da ponte tem gente
Que faz parte da paisagem
Era homem importante
Gerente empresarial
Ontem estava ao volante
Hoje é pedinte no sinal
Perdeu o que possuía
Para um subordinado
E pela própria família
Ele foi abandonado
Não tem medo do futuro
Que pior não pode ser
Sente-se até mais seguro
Não tendo o que perder
Na rua não vai encontrar
Alguém mais qualificado
Que queira tomar seu lugar
E comer seu pão amassado
Dividir o lixo com rato
E cuidar de cachorro vira-lata
É melhor que comer do prato
De milionário magnata
Por isso dorme tranqüilo
E sorri com a boca sem dente
Não pode ser demitido
Do cargo de indigente