EU, POETA
Eu, poeta.
Nada tenho nas mãos (exceto a escrita) nada tenho nos bolsos (Exceto os rascunhos).
Nada tenho nos pés, se não as estradas que os beijam em cada etapa de um novo prosseguir.
Os sapatos são palmilhados pelos sonhos que dentro de mim carrego.
Minha voz está carregada de rimas, de versos e de tantos poemas meus. Esqueci de declamar os dos outros, pois estes(mesmo sendo tão chegados) nunca declamaram os meus.
EU OS ESQUEÇO COMO ELES JA ME ESQUECERAM. Todavia, sem mágoas, e só com lembranças.
Eu vou só, sim eu vou sozinho, para não me amparar no ombro de alguém e depois jogarem em mim a culpa do meu acerto ou do meu fracasso. Não me diga por onde ir, eu mesmo aprendi me tropeçar, tinha sim Drummond ( e sempre teve) uma enorme pedra em meu caminho deixado por algum que queria barrar o avanço dos meus pés, para que eu não chegasse no mesmo lugar em que ele pudesse estar. Pobres diabos de almas vendidas ao vento. Olha pra cá, eu estou aqui, pois resolvi mudar a rota do meu caminhar para não me encontrar com a tua hipocrisia.
Mas isso Drummond, são aguas passadas que o Moinho do Cartola fez questão de jogar para outros ventos.
Eu, poeta.
Nada tenho nas mãos (exceto a escrita) nada tenho nos bolsos (Exceto os rascunhos) e muita coisa ainda para escrever e deixar ai, no trilhar dessa estrada que não é minha e nem tua. Ela é de todos que com sincera habilidade do pensar, seguem espargindo versos e versos por todo complemento do alargado estradar de cada um, enquanto por aqui ainda estivermos.
No mais, tudo é ilusão, tudo é efêmero e tudo é (Como disse o maior poeta que o mundo já conheceu) tudo é vaidade.
Salomão, filho de Davi. Mas há quem conteste porque ele não escreveu pra Folha, pro Estadão, pra globo,pra Record e nunca se sentou numa cadeira da Academia de letras de lugar nenhum no mundo. Mas é sim, o maior poeta desde o surgir do mundo, até o final deste e mais 10 séculos pra frente.