Impressões da praça

Velha praça de imortal nome!

Encruzilhada de destinos

Que correm paralelos

Ou se entrecruzam

Em eventuais encontros.

Velha praça de imortal nome!

Onde os pássaros sufocam gorjeios

Ao alarido de veículos céleres;

Onde o trágico e o cômico se revezam

Aos olhos transfixos dos transeuntes.

Velha praça,

De novas emoções!

Em seu solo vicejam

Plantas e flores,

Pegadas e frases

Que Éolo mistura

Em algaravias

Que somente a brisa entende.

Os homens se esbarram,

Mas não se tocam;

Trocam ideias

Ou falam a si mesmos.

As árvores cumprem seus destinos:

Sombreiam, farfalham,

Tingem a paisagem cinza citadina

Com cores vivas;

Mantêm colóquios misteriosos

Entre si;

Brincam com anciões

Recostados em alvos brancos,

Derramando-lhes folhas soltas.

Velha praça de imortal nome!

Ao dia, é vida e burburinho;

À noite, é escura e melancólica;

É abrigo de aves gárrulas;

É repasto de pombos...

E de sonhadores!

Santos, Praça Rui Barbosa - 1980