O GRITO DA SOMBRA

A sombra do passado ergue seu véu pesado,

Tecida de dores, medos e noites sem fim.

Na infância, o horror: um espectro calado,

A doença, a faca que corta o porvir.

Ah, humanidade frágil, tão cheia de vaidade,

Pele e ossos que apodrecem na corrente do tempo!

Seres que rastejam, na hipocrisia e na maldade,

Presos à inveja, veneno em seu alento.

Na adolescência, o cárcere de temores profundos,

Cada doença era um lobo, rosnando à porta.

O sonho, um pássaro morto nos becos do mundo,

E a esperança, um rio seco que a vida aborta.

Os homens! Ah, que cruéis assassinos!

Mentes pequenas, banhadas de lama,

Escrúpulos mortos, corações clandestinos,

Sepultaram os sonhos sob sua trama.

E eu, frágil, me curvei diante da peste,

Viciado no medo, escravo da dor.

A inveja, sombra que rasteja e investe,

Consumindo em silêncio o mais puro amor.

Mas eis que hoje me ergo, num grito rasgado,

A sombra já não tem poder sobre mim!

O medo que me algemava foi sepultado,

E o ódio virou fogo em meu peito, sem fim.

A hipocrisia da sociedade é meu inimigo,

Mas eu sou o aço, não me dobro, não me quebro!

Cada invejoso, cada covarde antigo,

É pó sob meus pés, um fantasma negro.

Minha vitória não é silêncio; é trovão!

Eu grito pelo menino que em mim sofreu,

Por cada sonho arrancado pela mão

De quem nunca entendeu o que ele viveu.

Agora eu sou o verdugo de cada mentira,

O caçador das sombras que tentam voltar.

Minha lâmina corta, minha alma respira,

E a luz em meu peito começa a queimar.

Aos hipócritas, deixo este poema-espelho,

Para que vejam sua podridão refletida.

Aos que têm força no coração, o conselho:

Lutem contra a sombra, contra a vida desmedida.

Porque a sombra é um parasita, uma ilusão do passado,

E eu, que fui presa, hoje sou caçador.

Minha alma é vitória, meu grito é sagrado,

E a inveja, hoje, é cinza diante do meu amor.

Cleyton Berkaial
Enviado por Cleyton Berkaial em 28/11/2024
Código do texto: T8207684
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