(não) será só poesia se morrer
Não estou feliz com você,
meu emprego.
Se aproveitou de mim.
Disse que ser neoliberal
é isso, e não devo questionar.
Você me priva, é tóxico, me descriativiza
escravizando-me a sentir ódio, prospectando
que mate concorrentemente o meu próximo.
Mas, não deu certo, mediocremente, lhe aceito.
Desobedientemente, com muita força, te odeio!
Meus amigos,
com vocês tenho faltado com verdade.
Sei que exalo o açúcar, o tempero,
em mim, tudo o que há de bom.
Vocês são
uns chatos,
uns falsos,
mentirosos como um violão desafinado.
São legais, mesmo que deveras, ilegais.
Sabem me causar quentinho no coração.
Narcisicamente, desculpe, não me basta.
Sigam suas vidas em paz,
não me devolvam o que emprestaram.
Está tudo bem.
Não me liguem mais.
Minha família,
obrigado pelo apoio e amparo,
não a presença, mas a ausência
desses camaradas.
Graças a vocês,
posso me apoiar em um inseguro orgulho,
dizer, não fui uma pessoa mimada.
Embora seja por outros N motivos
a mais das mais estragadas.
À minha irmã, desejo meu talento,
com nós dois vivos,
utilizamos da mesma força suprema que nos alimenta.
Sempre vou cuidar de você, amo-te, pequenina!
Ao meu pai,
desejo, paz, muita paz!
A vida não é só o que é, é o que pode ser.
Fez o melhor que podia, obedeceu ao emprego
que o apodreceu.
Sentiu pouco, pois cresceu sentindo muito.
Fique em paz, papai, você é uma vítima do absurdo.
Estude e seja quem sempre quis que eu fosse.
Mire suas motivações e perceba... não somos extensão do seu ser.
Apesar de todo o tudo, saiba, profundamente, amo e admiro você.
À minha mãe,
como começar se não pedindo desculpas?
Tudo o que você queria era que fosse feliz.
Acho que estava certa, não sou prestativo,
nem para isso servi...
Ser feliz dá muito trabalho,
tudo o que consegui até hoje é ser escravizado.
Tudo que tenho de melhor, mamãe, devo a você,
queria poder devolver um quarto de século de sua vida,
um par de joelhos novos, por tantas orações...
Aqueles últimos pedaços.
O calor de todo abraço,
principalmente, sem motivos.
Ah, mãe...
queria poder deixar uma vida de sorrisos.
Mas, tudo que consegui foi um pouco de dinheiro.
Me perdoe.
Não sei qual palavra caberia aqui,
vou dizer que te amo.
Mas… é muito mais que isso,
é indescritivelmente grato indefinivel..
Meu eu,
quero me dizer o quanto sou palhaço.
Tolo, por fingir-me homem de aço.
Guardando lágrimas com medo
do meu poço secar.
Não tenho o que me falar.
A minha restou prolixia,
vazio e resto.
Concreto será o último atrito enérgico
que romperá os átomos em um contato direto.
Não tenho o que me falar,
só cuido dos outros,
nunca me cuidei.
Falecido vivo.
Minhas jornadas
são tolas e fúteis,
queimadas pelo fogo da ansiedade
por um maldito destino.
Quando chegar lá,
lá não será mais o que se deseja,
será um “é só isso!?”
Meu amor,
por quem tudo abandonei.
Não, esse amor não é um “você”,
nem você, ou até mesmo uma terceira pessoa.
Traí meu sentimento, o amor, meu amor.
Deitei-me e deleitei-me na ventalista e onírica tristeza.
O único e verdadeiro relacionamento sério da minha medíocre vida narcisista.
É…
cada vez que exponho-me cru e nu,
podem ver que minha verdadeira cor é azul (pense em inglês).
Esperanço que tenha paciência para esperar esperançando que…
uma mágica aconteça e esperança receba.
Tem sido arduamente problemático viver!
Mas como sempre, não há a quem importa,
isto é só mais uma porta para vender.
Por favor, desconsidere minha lamentável angústia
escrevi por escrever.
Só escrevo por escrever.
Mas....
não será só poesia se morrer.