A VIDA SE GASTA

A VIDA SE GASTA

 

Quando ouço Mujica me vejo na vida,

E quanto ela custa se quero dinheiro,

Que gasto comprando modos de vida,

Que nunca garantem se ter janeiro.

 

A vida se gasta, pois não se compra,

E ela é de graça, mas tu não sabes,

Que perdura, se a mãe nos dá bronca,

Pois freio e compasso vem na idade.

 

Quem vive pra ter não entendeu nada,

Visando apenas a pertença dos trajetos,

Quer ter o carro que leva sua alma,

Depois da batida em meio a dejetos.

 

Degusta-se corpos em um cataclisma,

Pois não entendem o tremor da Terra,

Dizem crer em Deus, mas sem analista,

Buscando respostas pra tanta guerra.

 

Se estudassem as origens dos clãs,

E se prostrassem para ter bençãos,

Viveriam e talvez tivessem amanhã,

Caso o mundo lhes desse a licença.

 

Minhas escaras se acham abertas,

Pois nossa humanidade é impiedosa,

Criam monstros fora das cavernas,

Numa comédia que, de má, é jocosa.

 

A desdenha já faz parte dos dias,

Escarnecendo até do fraco e doente,

Mas a matilha quer ter lobo e guias,

Que dirá uma retaguarda decente.