No meio do caminho
No meio do caminho
Tinha o caminho
Tinha a estrada
E tinha a lama
Fiquei parado
Onde muitos se precipitaram
Em sua inércia final
Não podia eu
Destilar-me à fatalidade
De estacionar, na lama
E fazer da lama a paralisia
Inerte e surreal
No meio do caminho
Tinha medo
Receio
Inércia
E lama
Decidi por mim mesmo
Em minha própria conclusão
Em meu intelecto robusto
Em minha total aversão
Avançar e embrulhar-me
Na controvérsia retorcida
Naquilo que antes já traduzi
Ser simplesmente: lama
Dei a cara a tapas
Vi de longe
Muitos cobrirem a visão
Vi outros retorcerem a cara
Vi porém tantos
Mudarem sua percepção
Era questão de interpretação
Para outros foi loucura
Mas para mim... Atravessar a lama
Foi questão de decisão
No meio do caminho
Tinha a lama
No deserto de lama
Sujei-me de decisão
Ultrapassei à mim mesmo
Na coragem que tive
Ou fui a ovelha negra
Claro, me sujei de lama
E eu tinha toda razão:
A lama sugeriu-me
Que antes de ser menino
Eu era homem
Entenda que o contrário disso
É uma metamorfose
E que ali no meio do caminho
Não era lama
Era transformação
A vida que tem no caminho
No deserto
Na lama
No capricho de cada trajeto
Simulei com o mesmo intelecto
Que a inércia repreende
O crescimento, a força
A metamorfose
E a razão