No meio do caminho

No meio do caminho

Tinha o caminho

Tinha a estrada

E tinha a lama

Fiquei parado

Onde muitos se precipitaram

Em sua inércia final

Não podia eu

Destilar-me à fatalidade

De estacionar, na lama

E fazer da lama a paralisia

Inerte e surreal

No meio do caminho

Tinha medo

Receio

Inércia

E lama

Decidi por mim mesmo

Em minha própria conclusão

Em meu intelecto robusto

Em minha total aversão

Avançar e embrulhar-me

Na controvérsia retorcida

Naquilo que antes já traduzi

Ser simplesmente: lama

Dei a cara a tapas

Vi de longe

Muitos cobrirem a visão

Vi outros retorcerem a cara

Vi porém tantos

Mudarem sua percepção

Era questão de interpretação

Para outros foi loucura

Mas para mim... Atravessar a lama

Foi questão de decisão

No meio do caminho

Tinha a lama

No deserto de lama

Sujei-me de decisão

Ultrapassei à mim mesmo

Na coragem que tive

Ou fui a ovelha negra

Claro, me sujei de lama

E eu tinha toda razão:

A lama sugeriu-me

Que antes de ser menino

Eu era homem

Entenda que o contrário disso

É uma metamorfose

E que ali no meio do caminho

Não era lama

Era transformação

A vida que tem no caminho

No deserto

Na lama

No capricho de cada trajeto

Simulei com o mesmo intelecto

Que a inércia repreende

O crescimento, a força

A metamorfose

E a razão

Yara Duarte
Enviado por Yara Duarte em 29/03/2023
Código do texto: T7751566
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