[Nera 02]
É risível o verso corrompido.
Estreito a sensação do poema vívido
em meio aos átomos que alicerçam o meu ofício
Um dia fui de algo
transtornado em vício
transformado em calo
tecido em sangue e vidro
costurado em aço
e me dando indício
Daquilo que não faço
daquilo que não vivo
daquilo que não falo
Os passos saem invictos
mas os fogos são cessados
indicando o tal do amor que não acabo
Aguardo o argumento
(ainda que infundado)
de um tempo tão futuro
que poderia ser passado
"O pretérito mais-que-imperfeito
não leva em conta os meus planos pra seguir"
Vejo aproximar um poeta
que volta a existir