Zulminha

Lá vai ela,

determinada e serena,

seguindo o curso

ordinário da vida.

Carregando nos ombros pequenos

grandes responsabilidades.

Acorda cedo,

reza o laudes,

bota o marido pra ajudar,

limpa o quintal,

aduba a horta,

arruma o quarto,

passa as roupas,

prepara gostosa comida,

faz musse e coxinhas,

costura cortinas,

atende ao telefone,

fala com a família,

assiste às novelas,

recita o terço,

medita a liturgia diária,

debochada, conta piadas,

fala da política,

toma banho,

balbucia uma oração e

rende-se ao sono,

toda abracadinha

e amorosa,

com o seu velhote.

Quanta santidade de vida!

Nada espantoso, retumbante e clamoroso.

Quanta energia nessa alegria!

Como brinda a vida

a desassossegada

Zulminha!

Lu Mendes
Enviado por Lu Mendes em 11/08/2022
Reeditado em 11/08/2022
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