Zulminha
Lá vai ela,
determinada e serena,
seguindo o curso
ordinário da vida.
Carregando nos ombros pequenos
grandes responsabilidades.
Acorda cedo,
reza o laudes,
bota o marido pra ajudar,
limpa o quintal,
aduba a horta,
arruma o quarto,
passa as roupas,
prepara gostosa comida,
faz musse e coxinhas,
costura cortinas,
atende ao telefone,
fala com a família,
assiste às novelas,
recita o terço,
medita a liturgia diária,
debochada, conta piadas,
fala da política,
toma banho,
balbucia uma oração e
rende-se ao sono,
toda abracadinha
e amorosa,
com o seu velhote.
Quanta santidade de vida!
Nada espantoso, retumbante e clamoroso.
Quanta energia nessa alegria!
Como brinda a vida
a desassossegada
Zulminha!