Espeleologia da alma
Adentrando pela escuridão da entranha
ouço sussurros dos recônditos tristes
em ecos longínquos de voz estranha
na memória de que a caverna existe
Intocada gruta de abismo essencial
inacessível ao intrépido desbravador
Imanência de meu tesouro ancestral
que venero tal qual o sol ama o ardor
Pontiagudo silêncio das estalactites
pendendo sobre a majestosa caverna
cujo horizonte não vislumbrou limite
da treva maior na realidade externa
Fugirei apenas desacompanhada
de um corpo soturno, úmido e frio
rumo aos céus de uma alvorada
em feliz vento de advento juvenil
Saudosa vida, lembranças deixei
Espírito altivo que no âmago vive
em sua última melodia, descansei
e despertei radiante em ânima livre