ESBOÇO DE UM RETRATO

Veterano, visceral,

Tipo incomum, aragano,

Vivo por bem ou por mal,

Sem cometer qualquer dano.

Há os que tocam de ouvido,

Gaita, trombone ou piano,

Eu estudo e tenho sido,

Músico de muito engano.

Gosto de gente que igualo,

Adoro feijão com arroz,

Ovo frito é um regalo,

Seja qual galinha o pôs.

Mulher, fandango e bom tinto

- Mas que beleza mais pura!-

E um cigarrinho, não minto,

Lamento quem não me atura.

Mas família é fundamento,

Eu fui descobrindo aos poucos,

Quando jovem, o pensamento

Vagueava por mundos loucos.

E assim mostro minha cara

E me desnudo total,

A verdade é coisa rara,

Neste entrevero global.