MEU SONHO DORMIA

MEU SONHO DORMIA

 

Meu sonho acordou no Tibet,

Enquanto meu corpo dormia,

Foi quando tornei-me tiete,

E o teto do mundo me via.

 

De lá sou condor e sou Buda,

Voando com passos de guia,

Não guia que a todos iluda,

Mas asas além da entropia.

 

Na altura tudo nos inspira,

Pois o ar nos pede meditar,

Na paz de quem só respira,

Pra sentir o que seja calar.

 

Tudo isso me faz diferente,

Mas ainda sou seiva e sangue,

Desde quando me sei indigente,

E nem tenho casa ou mangue.

 

Porque tudo se acaba no mar,

E as águas me trazem de volta,

Pela chuva ou maré do luar,

Ou ressaca e minha revolta.

 

Foi assim que Jonas viajou,

E Noé foi o sonho embarcado,

Desde que a baleia ensinou,

Que o mundo teria acabado.

 

Terra à vista! Mas tudo é terra,

Até quando for meio de mar,

Pois o olho que acha a serra,

É o mesmo que me faz chorar.