Casos e acasos
Nos acasos da vida,
lembranças dos ocasos,
que se esvaíram como
o sol a se pôr no horizonte,
quando a noite abraça o dia.
Tudo é como um caso,
que começa, e um dia termina,
mesmo que você se enlace muito,
e ame,
e cuide,
e proteja,
e se doe
...
Não é assim, dos pais, com seus filhos?
Tudo passa, e em alguma altura da vida,
nos damos conta
de como tudo é tão rápido
e profundamente marcado
em nossas mentes,
deixando nossos corações
transpassados,
transtornados,
transformados
...
E nos acasos, casos vividos
como se nunca fossem terminar,
mas um dia
um pai morre,
uma irmã morre,
um amigo vai embora,
uma tia querida parte ao além,
um amor surge,
para não ficar
...
Ah! Esses contos profundos,
e ligeiros,
que nossa vida conta,
marcando ardentemente nosso ser,
que se despede de tudo,
a cada dia,
como a nos despedir do sol,
em cada entardecer
...
O que será,
do que tanto me toca,
e me mexe,
e me mostra que
tantos medos,
e segredos,
e dores,
eram um enredo de nuances
que me educavam
a
...
servir
...
E, no serviço ao próximo,
acabo que sirvo
a mim mesma,
nessa necessidade
de estar presente,
ser amada e querida,
ser abraçada e aguardada,
em doces encamentos
...
E nos casos e acasos da vida,
que vão bordando nossas histórias,
nossas experiências e viveres,
vamos construindo um mundo
onde amar e servir
é não apenas um dever,
mas um direito que
a liberdade de ser
nos proporciona.
Então, nos ocasos da vida,
vou me despedindo,
levemente,
do passado que
me deixou cicatrizes
...
Cicatrizes dolorosas,
que marcaram muito,
mas me ensinaram que,
apesar de tantas ordens limitadoras,
é possível, e bom,
andar com as própria pernas,
e tomar as próprias decisões,
sem medos
desnecessários
...
É difícil muitas vezes,
e causará algumas decepções,
mas nos traz um profundo
gosto de liberdade,
delicioso sabor
de ser feliz
...
Ser feliz,
com a própria capacidade
de julgar,
o que seja certo,
ou que seja, realmente,
algo que não se deve fazer
...
E já posso dizer que,
nem tudo o que dizem ser,
é realmente errado
e maligno e maquiavélico
...
Porque,
nos relacionamentos humanos,
o que realmente vale
é a nossa lisura,
nossa capacidade
de servir e ser servido,
com respeito e responsabilidade,
sem medo de ser,
profundamente,
feliz
...