Perfeitos, porém, humanos
Certa vez, alguém disse:
"Somos capa, porque somos feitos de medo... medo de nos mostrar, medo de errar"
A verdade é que somos
a expectativa de terceiros.
Somos a perfeição
que habita nos olhos alheios...
quando aqui dentro só mora o receio.
Involuntariamente
a cobrança de acertar
vai se fazendo
cada vez mais visceral.
Fragmentos...
Nos tornam parte de um todo
que luta em acreditar
que sempre estaremos de pé
e estamos!
Somos a essência oferecida de bandeja
ao medo de fracassar e errar
Receios...
que vão nos roubando de nós
nos partindo em miúdos...
O que sobra,
muitas vezes é indigesto, pérfido...
Não viremos carcaças!
Caras sem rostos...
Máscaras...
Somos um amontoado,
turbilhão...
Somos aquele ajuntamento
que em nós se fez vão...
Vamos colhendo culpas
amadurecendo certas lamúrias,
recobrando dores...
Vamos enaltecendo nossas feridas....
Nossa capa são as cascas
criadas pela vida..
A pele expulsa, expele,
o corpo muitas vezes nem reconhece mais a escara...
Mas no peito,
Ela ainda esbarra no querer sentir...
Escarra, deságua, muitas vezes afoga...
Dentro de nós, marés e rios sombrios.
Somos essa capa,
Que nos envolve pelo medo de errar.
Querer trilhar caminhos perfeitos...
é o pior de todos os devaneios.
Somos a vontade de alcançar.
"Mas se der errado, é melhor ninguém ver"
Somos o medo disfarçado de bom senso...
Emoção velando razão
E se errar? Já foi...
Se pecar, corrói...
Se gritar, não dói
Rasgar a alma, na intenção de ser perfeito,
é sem dúvida a pior dor...
Mas não se importe...
Não somos somente casca
Somos força em prosseguir,
coragem de sentir...
Somos atitude,
independente de sangrar ou remir.
Perceba,
somos capas, porém, reais...
Perfeitos, porém, humanos
Vamos errar sempre
E tá tudo bem!
Somos carne e osso...
Vida que pulsa...
Afinal, sangue na veia é viver
E sangrar nem sempre é morrer!
Nada seria perfeito
Sem a existência dos erros...
Eles acontecem,
pra nos mostrar
Quem somos (reais)
Somos cascas cobrindo derme...
E assim, vamos trocando de pele
Pra que ao final do percurso
Possamos reconhecer...
O quão humanos somos!