AURORA DA VIDA DO MENINO POBRE
Todos se lembram da aurora da vida
Quando tudo parecia uma fantasia
As descobertas que surgiam a cada dia
Enfeitavam a nossa existência.
Para a criança tudo era novidade
Sem saber que a vida, na verdade,
Não era tão fácil como parecia.
O lar poderia ser bastante humilde,
Mas a criança na sua inocência,
Brincava com o que tinham às mãos.
Uma lata de óleo puxada por um barbante
Era como se fosse um carro possante
Cujo ronco do motor, com a boca ela imitava,
Com barulho que que saia da sua boca pequena
E na sua inocência plena, se sentia realizada.
Como é estranho pensar,
Que em outros lares mais abastados,
Outras crianças, tinham tudo o que queriam
E, muitas vezes, até um pouco mais,
Que era a forma que se encontrava
Para suprir, muitas vezes, a ausência dos pais,
Que, preocupados em vencerem na vida,
Não viam o próprio filho crescer,
E, assim, o tempo passava,
E quando queriam recobrá-lo, era tarde demais.
E os sonhos, da infância das crianças,
Que, quando pequenas, querem ser tudo na vida,
Se identificam com seus super-heróis,
Sem saber que eles só existem nas fantasias
E os super-heróis dos seus dia-a-dias
Na verdade, eram seus próprios pais.
Muitas vezes catando latinhas,
Ou outros reciclados qualquer,
Com sacrifício, e quase sem esperanças,
Lutavam para lhes dar o que comer.
E depois de muito tempo passado,
Quando a aurora, em crepúsculo transformado,
As lembranças insistiam ao passado voltar.
Aquela inocência da criança já perdida
Pois ao crescer teve que enfrentar a realidade da vida
Que aos poucos iam mudando seus planos,
Já não era tudo aquilo que sonhava ser
Os super-heróis não existiam mais
Pois eram fantoches que com o tempo se apagou
Muitos sonhos resultaram em meros desenganos
E aquela criança inocente, então compreendeu
Como é difícil viver num mundo de desiguais!
Ilha Solteira/SP – 03/12/2020 – 12h07