Apocalipse
O céu abriu com o voo da borboleta
A morte ao meu lado exausta com o convívio
Ouviu-se por toda parte o ressoar da trombeta
Senti então uma descarga de alívio
Vi nos céus destrutiva claridão
Lúcifer e Miguel lutavam em descompasso
Surfei pela cauda do Dragão
E a morte morrendo de cansaço
Eram muitos gritando para todos os lados
Era o fim da vida feita do barro
Meus demônios finalmente ficaram calados
E com a morte acendi meu último cigarro
Foi sangue, horror e desespero
O Mal se esquivou do Bem
Jesus, livrai-nos deste desterro
Que faz da alma humana desgraçada e refém
A morte sorriu com ironia
Estava livre da sua maior ferida
No caos eu chorava e sorria
E a morte dizia: isso que é vida!
Foi quando a besta a mando do Querubim
Anunciou a tragédia da minha sorte
Com meu corpo dilacerado tive meu fim
Feliz de sempre ter sido amigo da morte.