Apocalipse

O céu abriu com o voo da borboleta

A morte ao meu lado exausta com o convívio

Ouviu-se por toda parte o ressoar da trombeta

Senti então uma descarga de alívio

Vi nos céus destrutiva claridão

Lúcifer e Miguel lutavam em descompasso

Surfei pela cauda do Dragão

E a morte morrendo de cansaço

Eram muitos gritando para todos os lados

Era o fim da vida feita do barro

Meus demônios finalmente ficaram calados

E com a morte acendi meu último cigarro

Foi sangue, horror e desespero

O Mal se esquivou do Bem

Jesus, livrai-nos deste desterro

Que faz da alma humana desgraçada e refém

A morte sorriu com ironia

Estava livre da sua maior ferida

No caos eu chorava e sorria

E a morte dizia: isso que é vida!

Foi quando a besta a mando do Querubim

Anunciou a tragédia da minha sorte

Com meu corpo dilacerado tive meu fim

Feliz de sempre ter sido amigo da morte.

Gabriel Cordeiro Machado
Enviado por Gabriel Cordeiro Machado em 30/10/2020
Reeditado em 29/11/2020
Código do texto: T7099750
Classificação de conteúdo: seguro