CONTEMPLAÇÃO
Contemplas as coisas da vida
as viventes e as vivências,
as moventes e as dormentes,
com os olhos detrás das retinas,
e veja na invisibilidade
dos olhares superficiais
a essência daquilo
que a visão da face
não consegue captar.
Enxerga-te, antes, porém,
como um marinheiro aprendiz
e te despossui das âncoras dos dogmas,
e te afeiçoes às velas das dúvidas,
quando navegares para dentro de ti.
Entrega-te à tua verdade,
mas busca conhecê-la primeiro,
para depois perceberes
os objetos da tua contemplação.
E lhes dedique fervor e encantamento
na calibragem entre a razão e o coração.
E procures alcançar a sabedoria
para que te faças pleno
e compreendas que a dose exata
do deslumbramento
pode ser a diferença
entre o remédio e o veneno.
Quando tiveres o domínio
das lentes da alma,
em toda sua amplidão,
faça-te luz, onde só havia escuridão.
E vertas uma lágrima alagada,
um sorriso alargado
de pura gratidão,
pela extraordinária
obra da criação.
Aí, quem sabe,
terás entendido
e sentido,
o propósito
de toda contemplação
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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