ANTES DE PODER VOAR...

Para poder voar

Não basta ruflar as asas

Há que se amputar os pés

Feitos de chumbo.

Permitir a fuga do olhar

Para todos os espaços.

Aprender flanar

Em espirais de vento.

Superar o medo, a vertigem.

Não beijar a flor no asfalto

Quando tiveres a asa fendida,

Perdida?

Singrar os pélagos do ar...

Um vôo transparente

Com asas feitas

Do fluído sutil do respirar.

Crer que todos os vôos,

Serão de liberdade,

Desde que sonhos,

Desde que verdade!

Saia procurando Deus

pelas encostas

E dando voltas,

Busque.

Resida com ele,

Na fímbria de sua asa

Emparelhe com ele

Em seu vôo, partilhe!

Com seus olhos

Semeie horizontes

Despeje azul no infinito

Com as asas, trace mapas.

Encha o vácuo

Com o vento do seu grito.

Com as asas na mímica do vôo,

Assopre vendavais.

Viaje com o vento

Visite os silêncios

Semeie no vento

A seara dos vôos.

Se somos móveis

E voadores

Voemos e bebamos

As águas das estrelas.

Ao fim, como uma gaivota

Mergulhe no mar

E saia voando para o infinito

Para logo depois, tudo recomeçar...

Meu corpo agora

Só sabe o idioma

Das águas e do vento.

Brisa, recado meu pelos ares.

"O que era vôo, são lentos passos agora."

T@CITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 16/05/2020
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