DEMÊNCIA
D E M Ê N C I A
Arranca da minha alma senhor
Estas marcas tão profundas,
A presença deste amor no meu ser.
Leva para longe a lembrança
dos momentos breves, efêmeros
de viver o que não existiu.
A presença desta ausência,
Desta descrença total
que espera a volta da querência
no final da dmência mortal.
É a prisão que escravisa e seduz
Em insidiosa sujeição.
Leva ligeiro, o sabor venenoso
Daqueles toques íntimos e leves.
Tira da minha boca o gosto travoso
do amor que o fenecer
não esperou amadurecer.
Leva de mim, e nem pergunte se deves.
Não quero nada, leva é teu
Eles, os vultos, deixe que partam
Ainda que fique somente o escuro
Esconjuro da clareza
Certeza da dureza
ao bater contra o muro.
Afasta de mim o cálice azinhavrado
da vida que fiz derramar
Pela urina sem rima.
Deixa o abandono do tempo marcar
O muro que não vou pixar,
Mas o tempo um dia há de ruir.
Que eu possa, passar o passo do passado,
Escapar da miséria que investe
nas consciências pesadas, suadas
De pesadelos herdados da
Insensatez da idade primeira.
Voar ao léu para o evento do céu.
Tácito