AS MÃOS DO TEMPO
É certo
Que o tempo corre.
Tão ligeiro escorre
Pelos dedos,
Pelos medos,
Pelos receios,
Pelas dores,
Pelas cores,
Dos amores
Bem cheios
Tão vazios!
Pavios
Que queimam
Até a explosão.
Navios
Que navegam
Na imensidão.
O tempo voa
O tempo soa
O sino da nova estação
De uma outra gestação
E assim vamos cumprindo
O ritual de se viver bonito
À sua revelia
Nos moldando de infinito
Nos transformando
E nos transferindo
Para outro vagão
Nova composição
Um novo trilho
Nessa liturgia
Seja pela poesia...
Seja por um filho.
Então seguimos vivos
Pela sobreposição de cada mão
De cada nova existência
De outra descendência
E ao tocá-los, nos eternizamos
E passamos a morar no coração
Daqueles que tanto amamos.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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