DAS ORFANDADES E DOS CANIBALISMOS

De todas as orfandades

Que me acometem

Nas ausências mais devastadoras

Sinto a presença mais recorrente

Do vazio instalado em mim

Onde foi parar o meu eu, dilacerado ?

Onde fui parar quando os desgovernos

Das minhas escolhas conduziram-me

A escuridão na estrada da vida?

Os verbos estacionaram nas bordas do tempo

E o único a prosseguir, por ironia

Foi o próprio “desistir”.

Este cumpliciou-se com os meus medos

E de condutor

Virei conduzido

Abduzido

Reduzido

À soma do produto de todos os termos

Pelo meu zero existencial.

E então, do vazio agigantado

Pelos erros meus

E sonhos pigmeus

Restou-me preenchê-lo

Com boas doses de ilusões

Que me convidam diariamente

Pare o banquete do qual eu serei

O próprio prato principal

No canibalismo que eu mesmo fecundei.

Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 26/09/2019
Código do texto: T6754041
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