CORRENTES
As correntes de vento
E as correntes do tempo
Guardam entre si as verdades
E todas as suas cumplicidades
.
Na janela que fechamos
Evitamos
Os elementos eólicos
E os lamentos do ócio
E corremos atrás dos relógios
Que nunca mais achamos
.
Nas portas que abrimos
Recebemos a suavidade do ar
E dos ponteiros, o feroz galopar
E corremos atrás do amar
Que nunca mais sentimos
.
Por isso que peço em penitência
Que no abrir e no fechar da existência
Eles me adormeçam e me acordem
Não necessariamente nesta ordem
.
O que resta no final deste versejar?
O desejo de me prender e me libertar
Em todo o tempo corrente
Em todo vento recorrente
De um jeito que se vive
E nem se sente.
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Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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