ENTRE A MACIEZ E A ASPEREZA

Posiciono-me

Na equidistante linha imaginária

Da suavidade do verso amado

E a aridez do concreto armado.

Que a incessante batalha diária

Tão ciumenta

Vem e cimenta

Se sedimenta

E se alimenta

Do sangue da sobrevivência

Da lágrima dessa penitência

Do suor de toda a existência.

.

Mesmo com os espinhos

Dos dolorosos caminhos

Que percorremos

Nos socorremos

E corremos

Apressados

Lado a lado nessa estrada tão escura

Compartilhando da mesma armadura

.

Pois precisamos sobreviver

A qualquer custo

O sonho é justo

Mas a caminhada, injusta

Na penumbra, na sombra

Que nos assombra

Que nos assusta

Que nos assola

.

Aí, então, vem o poeta

E vemos o seu vulto

Ele nos consola

Na lírica fantasia

Lemos sua poesia.

Ela nos dá a plena certeza

De que ante toda fraqueza

O verso se torna fortaleza

.

A nos dar o necessário equilíbrio

À beira do imaginário precipício

Entre o curativo e a ferida

Entre a maciez e a aspereza

.

Que deixa a sua cicatriz

Na vida, que de tão dolorida

Escapamos por um triz

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 13/09/2019
Código do texto: T6743850
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