ENTRE A MACIEZ E A ASPEREZA
Posiciono-me
Na equidistante linha imaginária
Da suavidade do verso amado
E a aridez do concreto armado.
Que a incessante batalha diária
Tão ciumenta
Vem e cimenta
Se sedimenta
E se alimenta
Do sangue da sobrevivência
Da lágrima dessa penitência
Do suor de toda a existência.
.
Mesmo com os espinhos
Dos dolorosos caminhos
Que percorremos
Nos socorremos
E corremos
Apressados
Lado a lado nessa estrada tão escura
Compartilhando da mesma armadura
.
Pois precisamos sobreviver
A qualquer custo
O sonho é justo
Mas a caminhada, injusta
Na penumbra, na sombra
Que nos assombra
Que nos assusta
Que nos assola
.
Aí, então, vem o poeta
E vemos o seu vulto
Ele nos consola
Na lírica fantasia
Lemos sua poesia.
Ela nos dá a plena certeza
De que ante toda fraqueza
O verso se torna fortaleza
.
A nos dar o necessário equilíbrio
À beira do imaginário precipício
Entre o curativo e a ferida
Entre a maciez e a aspereza
.
Que deixa a sua cicatriz
Na vida, que de tão dolorida
Escapamos por um triz
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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