O MEL E O FEL (O tempo por testemunha)
Do tempo que cresce na árvore da vida
Colhemos, ou não, dos ponteiros
O fruto da sabedoria
Que cresce à sombra
De cada momento germinado
Nas sementes que os sonhos
Deixam cair todo dia
Neste solo que se faz fecundo
Nos sulcos e cursos do mundo.
Se são os dias que vão gestando,
São as noites que vão gastando
Tudo aquilo que vamos gostando
Agrados ou desagrados
Do néctar que degustamos
Nos enganos e desenganos,
Dos prazeres sagrados
E também dos mundanos
Dos aromas desta inspiração
Das escolhas que a razão deve fazer
Ou aquelas que deixamos à mercê
Do coração, embebido de paixão
A nos deleitar,
Do mais doce perfume
Quando o verbo se conjuga
Com o amar
Mas a nos ferir
Com todo o azedume
Quando o verbo se conjura
Com o partir.
E entre amores e dores
Beijos amargos e doces
Vamos tecendo nosso véu
Com fios de esperança
Na prece e no grão
Que recolhemos do chão
E conduzimos para o céu
Só o tempo, na sua sapiência
Há de testemunhar
Se a nossa existência
Haverá de se alimentar
Com a pureza deste mel
Ou nos envenenar
Com o amargor de um fel.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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