INTEGRAÇÃO (O COMEÇO, O MEIO E O FIM)

INTEGRAÇÃO (O COMEÇO, O MEIO E O FIM)

AUTOR: Paulo Roberto Giesteira

A princípio, o princípio,

O primórdio,

A origem...

A causa primária,

O predomínio,

O domínio,

O início de tudo,

O começo de todos...

O abrir as cortinas,

O desenrolar das serpentinas,

Uma nova matina;

O ligar as luzes dos postes, postos ou palcos,

O limpar o picadeiro,

Começando a sentir algum cheiro,

O preparar para os saltos,

Os pulos a impulsos nos lugares altos,

O ponto de partida,

A ida...

Sempre seguida,

O susto ao ser perseguida,

Das estruturas prontas a que deva ser construídas...

A altura a ser erguida,

A vida profunda a sentida ou ressentida.

Por todas as maneiras que for vivida...

Sobre ou sob qualquer medida,

Pelos pontos dos cortes nas cicatrizes das feridas,

Propulsão das iniciativas,

Tristezas ligadas as inesperadas despedidas,

Elos pelas intenções comprometidas...

Nos desmazelos dos desleixos,

Reforços dos eixos,

Proporcionados trechos,

Bagagens com os seus apetrechos,

Nos acarretados desfechos,

No lacrar dos fechos...

Requebrados remelexos.

O sentir frio,

Batendo os calafrios dos queixos.

O acender as chamas dos candeeiros,

O interligar os encontros com os seus paradeiros,

O sentir qualquer cheiro,

O contar dinheiro.

As badernas dos bagunceiros,

O se lavar nas águas das torneiras ou dos chuveiros,

A chave certa de cada fechadura nos pendurados chaveiros;

O início de todos...

O começo de tudo,

A ignição,

A iniciação,

A impulsão,

O alavancar da movimentação;

A enunciação,

O ato de liberar a execução,

O aparato de deliberar a ascensão;

O partir da restauração,

A autorização da vil ação,

A concessão da permissão...

O ponto virtual da união,

A ligação direta...

Enxergar a extensão de uma significativa reta,

O pegar na direção,

A automação dos meios,

Os sinais dos recreios,

A embreagem, a aceleração depois os freios,

A apertar os passos em cada competição,

Do projeto até a sua concluída conclusão,

Do nada até formar uma lignificação.

O círculo do meio,

A exatidão dos rodeios,

Ingressos para os passeios,

A relação dos parceiros,

Os complexos dos feios,

Os portais dos porteiros,

As pontas dos ponteiros,

Os ritmos dos pandeiros,

As novidades vindas pelos mensageiros,

Notícias chegando pelos carteiros,

Mensagens envelopadas dos correios;

Os complementos dos banheiros,

As prudências dos cocheiros,

As silhuetas dos bustos empinados pelos seios,

Astúcias impulsionadas pelos anseios.

O lazer dos recreios,

A diversão dos passeios,

As contas regidas pelos rateios,

O disputar dos torneios,

O falar sem fazer rodeios;

O falhar feio,

Os transportes dos arreios,

Os veículos dos freios;

Dos mercados com os seus varejos,

Luzes brilhantes por seus lampejos,

Amor vividos a muitos abraços e beijos;

Os gozos dos veraneios,

O navegar dos veleiros,

Sonhar as asas dos devaneios,

O batucar dos terreiros,

Os dizeres dos letreiros,

Neons iluminados com os seus luzeiros,

As lamas dos atoleiros,

O brincar dos arteiros;

O decorrer durante...

O relampados trovejantes,

O tomar uma refrigerante,

Numa distração das refrescantes,

Da reta adiante;

O proceder dos desenlaces,

Máscaras as várias faces,

Apetrechos pra qualquer disfarce,

Envolvimento de cada enlace.

A condução dos contingentes passos,

Imperialismos dos paços,

Réguas compostas de plásticos ou de aços;

Saudades loucas por um aconchegante abraço.

A condução dos passes,

Na fé dos acreditados passes,

Das várias interfaces,

As aulas das classes;

As formações dos calços,

As perseguições dos encalços,

A precisão dos traços,

A concisão do compasso,

Empilhamentos a cada almaço,

Virgindade a pureza inocente de cada cabaço,

Nós presos pelos enfiados cadarços;

Anéis circuncidados pelos arcos,

Pelos mares seguem os barcos.

As amarras dos sapatos,

Comidas nas mesas dentro dos pratos,

Convivências ligadas aos juntados tratos,

Imagens postas as recordações dos retratos,

Preços caros ou baratos;

Insetos espectros como fantasmas ou ratos;

Do que acontece fica como que de fatos.

Folhas reunidas pelos almaços,

A liga dos traços,

Os encartes dos sacos;

Tábuas para os barracos,

Passagens pelos buracos;

As bagunças dos devassos,

O fingir dos falsos,

As condenações dos cadafalsos,

O lacrar dos laços,

A prorrogação dos cansaços;

O aquecer dos casacos,

Os líquidos dos cascos,

Os riscos a legitimação dos fiascos;

O esticar a apresentação,

O estudar a lição,

Aceitado pela admissão,

O manter a libração,

Disciplina da educação,

Cumprimentos com a sua especifica saudação;

A fome na busca por um pedaço de pão,

Mantido pela entoação,

A processada continuação,

O último foco,

Das doses terminadas por cada copo,

Conjunto seguido pelo emparelhamento de cada bloco,

Chegando ao epílogo,

Relacionamento recíproco,

A síntese do que está à frente a logo;

A última cara,

A espessura daquela vara,

Vontades esbanjada as taras,

A derradeira coisa rara;

Vermelhidão da melhora das talas,

Palavras discernidas pelas falas;

A última dose,

Exagero contido pela overdose,

Da baixa ou alta glicose,

Fragilidade da osteoporose,

Laudo da identificação de cada virose,

Câncer resultado diagnosticado da cirrose;

Inimigos prevenindo dos seus algozes,

Velhices das artroses,

Gritos identificados pelas tonalidades das vozes.

A última chance,

O derradeiro lance...

Dramaturgia das novelas cerceadas pelos romances,

Tocando no que está ao alcance;

Da última página,

Matemática ligada a álgebra,

Pensado naquilo que se imagina;

Tampando a proteção de uma laje,

Dar as costas a quem adora levar vantagens,

Espelhados espelhos refletindo imagens;

Nas partes que repartem,

Despedidas dos que partem;

Os términos do dia ou da noite,

O encerramento da programação,

A finalização,

O cessar da estagnação,

The End.

Cobrimentos dos cadáveres,

Para os que estão pra morrer a morte,

Estaturas identificadas por cada porte,

Gravuras com os seus recortes,

Consentimentos com os seus aportes,

Autorizações e identificações através dos passaportes;

Portas trancadas as chaves,

Bloqueios servindo de entraves,

Balizas a medir as distâncias das traves.

Os lacres dos embrulhos,

Os desperdícios dos entulhas,

Marés ou ondas dos mergulhos,

Plantas animalescas como antúlios,

Do se jogar fora,

Do passar da hora,

Do segurar das escoras,

Das argolas das sacolas,

Vestimentas com as suas golas.

O último abraço,

Alças dos braços,

O esbanjar dos gastos,

Gramas ou capinzais dos grandes pastos;

Bandeiras patrióticas nos seus mastros;

O último ato,

Do fechar o regato,

Ofícios do seu aparato;

O término,

A linha de chegada,

O acabar das fachadas,

Travessias das estradas,

Pontos para as suas paradas;

O preparar para o encerramento,

O acionar o fechamento,

Da pressa com o seu afobamento,

Do trafego lento;

A derrota do mal,

Do sabor que causa o sal,

A vitória do bem,

Das coisas que vão mais além;

E finalmente o enfim,

Do não ou do sim,

É o fim.

E de resto as impróprias sobras,

Ou nenhuma sobra jogadas as dobras,

Escombros das destruídas obras,

Sombreamentos das cinzas,

Sobrevoadas mitingas;

Estragos das ruínas,

Montes de entulhos,

Alvoroços dos bagulhos;

Remendados retalhos,

Quebrados escangalhos;

Caídos galhos;

Frangalhos...

Cebolas, pimentas ou alhos;

Pedaços dos retalhos,

Algo falho...

As curvas das dos retornos ou esquinas,

Cacos espalhados com as suas quinas.

Troços as suas drogas,

Desperdícios dos que foram as ilusões das modas;

Aflitos detritos,

Tumultuados atritos;

É a decomposição,

Do que apodrece a putrefação;

Muitos restos pelos abcessos,

Um mundo desconexo;

Enterrados ossos,

Restantes troços...

Pó sobre a total destruição,

A deteriorização;

Reservas dos destroços,

Arrependimentos ou remorsos;

Um fundo a fundo,

Silêncios sem resmungos;

Amontoadas guimbas,

Fragmentadas restingas,

Dos tempos desperdiçados pelas catimbas;

Por gotas que a tudo respinga,

Goles restantes pelos tragos de uma pinga.

A uma nova era do que esperamos de oriundo,

Um novo recomeço por um novo mundo,

Do que é reto ou corcunda,

Daquilo que boia ou mesmo afunda.

Do passado ao que de novo vislumbra.

Paulo Roberto Giesteira
Enviado por Paulo Roberto Giesteira em 08/05/2019
Reeditado em 10/02/2021
Código do texto: T6642030
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