Montanha Russa

Morte, dor, tristeza, era apenas o que aquela menina enxergava naquele momento.

A vida ia se desenhando com tanta tragédia, com tanta escassez, que lhe doíam as entranhas.

Não era escassez de comida, ou de bebida.

Sentia falta de amor, amor de mãe, amor de homem, falta de ser cuidada, sentia falta de ter um filho, de ter seu lar

Apenas coisas simples da vida, que a ela parecia que os céus negavam.

Não entendia as razões pra tanta escassez de coisas tão simples.

Se libertara daquela sala escura, saíra para a vida, aprendera a estar no meio

Mas as dores ainda eram as mesmas.

Queria acreditar... acreditar que teria mais, que conseguiria mais...

Mas não dava pra passar a vida esperando...

Então decidiu apenas viver...

E saiu, triste, pelo caminho, até encontrar um longo meio fio

Por onde caminhou, com toda a elegância, sem cair...

Lembrou-se da simplicidade da alegria da infância...

Da felicidade inocente, sem necessidade de nada mais além do existir para já sorrir.

Isto deu-lhe forças.

Esqueceu todo o resto e seguiu seu caminho sorrindo,

Sem necessidade de motivos para isto.

Marta Almeida: 24/04/2019