Chuva rasa enfundece.
Chuva que vem sem demora
Cai no raso e no fundo afora
Não se importando se nesse mundo de agora
As emoções antes de serem já foram embora.
Chuva que molha a varanda com a porta aberta esquecida
Não sabe se deixa pingos de resistência ou lágrimas decaídas
Pois ao mesmo tempo que hidrata do cacto às plantas floridas
Vai-se inundando a casa de gente atenta à distraída.
Chuva que aos poucos enfraquece
Lembrando que nem tudo é eterno mesmo quando enfundece
Ela sabe que atrás das nuvens tem um sol que aquece
Ela sabe que é mais forte que qualquer decepção que lhe acontece.
Chuva que pára quando se encontra o caminho
O céu se abre em um azul clarinho
E remete que nem sempre é solidão estar sozinho
Pois oferece ventos de oportunidade para se reconstruir devagarinho.