É nada que me sobra
De verdade, que sono
Me cato em abandono
Neste momento a vida
Saiu, correu, deu partida.
De verdade, me vejo
No trem dos percevejos
Me encontro sem saída
Sem direito a despedida
Os olhos turvos
Vislumbram mentiras
Visualizo curvo
Os salões da ira
Me guarda este dado
Que jogo-o depois
Me livra do fardo
De às vezes ser dois
Me chamam de vago
E até de vagabundo
Pois tudo o que trago
É conta sem fundos
E o cheque que fico
Para depositar
Me esqueço, que mico!
Os dados vou rolar
Quem sabe, a sorte
Sorteia um louco
Cujo o norte
Se perdeu um pouco
Se perde de novo
Ou mais ou menos
No meio do povo
E é tudo o que temos.
Escrito em 11/02/2019 (após uma garrafa de Salton)