HISTÓRIA EM VERSOS

Eu vim do pó de carvão,

Bem lá do Arroio dos Ratos,

Venci o inverno e o verão,

Como aventureiro Matos.

Sempre com chiado no peito,

Fui levando no costado,

O Destino dava um jeito

Lá no Vale do Encantado.

O clima não ajudava,

Mas a cidade era boa,

Vinguei assim como dava,

No tempo de andar a toa.

Fui crescendo, virei gente,

Pra Porto Alegre vim só,

E aqui desfrutei contente,

Na casa do vô e da vó.

E tudo foi tão ligeiro,

A vida passou a jato,

Escrevi um livro inteiro

E envelheci de fato.

Mas presta atenção, batuta:

Eu ainda dou um caldo,

No amor ou na disputa,

Só na manha, não me esbaldo.

Se queres me dar lição,

Eu vou te achar muito bobo,

Convém comer mais feijão,

Não sou ovelha, sou lobo.