O Filósofo & O Prisioneiro
O Filósofo & O Prisioneiro - Uma Alegoria para sabedoria da vida
Condenado a pena de morte o Filósofo sentava-se solitário em sua cela, enquanto observava o céu estrelado pela pequena janela que ali havia.
Faltando apenas algumas horas para sua execução, um outro prisioneiro é arremessado em sua cela
– Faltam-te apenas duas horas! E a morte irá beijá-lo!
Gritou o guarda enquanto os enjaulava sem piedade
Após levantar-se e limpar suas roupas sujas. O prisioneiro encara aquele velho homem de barbas longas que encontrava-se ali parado, observando atentamente o céu noturno
– O Guarda disse que você só tem duas horas de vida... Como se sente?
Questionou o prisioneiro de forma tímida e preocupada, tentando puxar assunto.
Enquanto isso o filósofo seguia em silencio observando o céu estrelado.
O Prisioneiro por sua vez, caminhava de um lado para o outro incansavelmente preocupado
– Para mim, imagino que faltam três ou quatro horas... Droga! Eu mal consegui realizar os meus sonhos... O que você pretende fazer nas suas duas últimas horas?
Persistia o prisioneiro em uma tentativa falha de diálogo, enquanto caminhava de um lado para o outro, preocupado e com o medo da morte começa a remover sua camiseta e amarra-la na parte mais alta da cela
– Quer saber? Pode ficar ai, fingindo que está tudo bem. Eu vou me matar, eu prefiro isso do que ser condenado a cadeira elétrica!
O Filósofo, ao escutar tais palavras sórdidas volta sua atenção a aquela pobre alma.
– Antes de prosseguir com esse ato, poderia por favor vir aqui ver algo?
Disse o filósofo em tonalidade calma e serena
O Prisioneiro indaga
– Ver o que? Não há nada que possa nos salvar agora
– Eu insisto, tenho algo a mostrar-te...
O Prisioneiro então caminha até a janela
– Está vendo aquela estrela? A Mais brilhante dentre elas
Disse o Filósofo apontando com os dedos para o céu estrelado
– Sim, estou sim, aquela com uma tonalidade meio azulada não é?
– Ela mesmo...
O Filósofo encosta-se na parede, e com a voz calma ele diz
– Observe a atentamente, imagine que naquela estrela existe também um planeta
Um planeta tal como o nosso, com heróis e vilões, deuses e homens, sábios e tolos, o quão fascinante não seria? O Quão fascinante não seria estar observando-os agora neste momento oportuno, a algumas horas antes da nossa morte...
O Prisioneiro encantado com tais palavras, observava atentamente aquela estrela, e toda aquela euforia e preocupação que havia em sua mente aos poucos se esvai
O Filósofo então, coloca as mãos nos ombros daquela pobre alma e diz
– Essa estrela, já pode ter se apagado a muito tempo embora ainda estejamos contemplando a sua luz (...) Toda a vida que um dia viveu sobre o calor daquela estrela, hoje se encontra no mais sublime silencio da doce morte que os encontra
Tal como a nossa estrela, que é um ponto luminoso no céu noturno de alguém
Quando morrermos, a luz da nossa estrela servirá como um suspiro de esperança para homens que como nós aguardam o sublime beijo da dona morte.
O Prisioneiro com os olhos cheios de lágrimas e o coração calmo, sorri, e mesmo diante da inevitável morte encontrava-se tranquilo
– Então não temes a morte?
Perguntou o Prisioneiro
O Filósofo caminha até a janela, e olhando para o céu noturno com a contemplação filosófica de que a sua morte de nada importava para o universo
Sorrindo ele responde
– A realização de que vou virar pó, paradoxalmente me tranquiliza...
- Gerson De Rodrigues