Fração Ordinal
Não quero ser a METADE
Ou 1 MEIO
Do meu vazio
Do meu receio
Mais sombrio
Com o TERÇO
Eu faço
Uma prece para o amanhã
Um passo
Distante da TERÇA terçã
Está frio.
Minha alma só congela
Eu quero
Para dentro da janela
Um canto
Uma quina
Uma QUINTA
Rural
Longe deste inverno
Quero o calor natural
Do QUINTO
De algum inferno
Oculto-me
Num SEXTO
Melhor seria no cesto
Ou na cesta
Longe do (in)cesto
Desse pecado
Na SEXTA
No aguardado
Sábado
Tópico
Típico
Pudico
Fático
Sabático
Mas choramingo
Mesmo pelo domingo
Ele é um amigo
Na véspera da SEGUNDA
Ele a afunda
Consigo,
E na barafunda
Comigo.
Saio sozinho,
Subo só
Sob o sol
Da terra, no sal
Da terra, do cio
Com sorte
Vou ao norte
E também ao sul
Sob um céu azul
Tingido de anil
Na catedral da Sé
Coloco-me de pé
Assisto à celebração
No fim de tarde
Na sétima arte
Vejo o filme de ação.
Na OITAVA
Desta escala
Fico sem fala
Escada
Onde
Cada um
É cada todo
E tu, no todo
És cada
E na calada
Da escalada
Já não ouço a voz do silenciar
Há palavras em todo o respirar
Tu estás falante:
Ex-calada
Ex-cala
Escala
Sim! Eufonia!
Sinfonia!
De Beethoven
A sonata é só ao luar
Onde ela está?
O que houve?
Enquanto ela não vem
Fico com a sua neta italiana
Mas, gosto mesmo é da NONA
Já está tarde!
O sol ainda não parou de brilhar
Cobra um dízimo
Nada ínfimo
Por um átimo
Mais que empréstimo
Um verdadeiro DÉCIMO
Há uma Fração
Ou uma Infração
Para o sofredor
Uma ordenação:
Numera a dor
Uma identificação:
Denomina a dor
E de tanta fração ou ordinal
Que o poema aborda
Dum jeito não convencional
Eu prefiro mesmo
Abrir a porta
Que me leva
E me eleva
Me enleva
Ao meu QUARTO
E no meu isolado mundo
Tão distanciado
Durmo um sono profundo
E nada fracionado.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
(Todos os direitos reservados, nos termos da lei 9.610/98)
01 de outubro de 2018