Não, hoje não é dia de índio

Eu me encontrei na beira do rio, de tanga, cocá, de arco e flecha, sem armas de Homem branco invadindo a terra que é nossa.

Olhei pro céu de Tupã, (Deus) e vi estrelas brincando iguais nossos curumins (Crianças), dançando a toré num ritual sagrado.

Yara (Mãe D'água) vigiava nosso banho de rio onde após nadarmos muito, íamos pra oca comer o Tacacá.

Nossa vida era cercada de Abaetuba (Lugar cheio de gente boa).

Não temíamos a caapora (Caipora), pois ela não fazia mal e era amiga da nossa aldeia.

Nossas Jeroquis (Danças) duravam noites e dias, pois nada nos oferecia perigo.

Tudo, era pra ser sempre assim.

Porém, no dia 22 de abril de 1500, veio das grandes aguas, embarcações sem convites, e quando aqui aportaram, adentraram nossa terra, mentiram para o meu povo, enganaram minha gente destruíram nossos sonhos, querendo nos escravizar. Chamaram-nos de preguiçosos, humilharam nossas mulheres e roubaram nossas riquezas.

Hoje, o livro do Homem branco fantasia os nossos rostos pintando uma historia que eles inventam, mas que não condizem com a realidade com a qual fomos tratados em nossa própria terra.

O Dia 19 de abril, não é dia do índio. É dia do Homem branco, tentando remendar, a costura mal feita da nossa historia.

Se todo dia, verdadeiramente ERA DIA DE ÍNDIO, agora ele só tem o dia 19 de abril e não dá mais para cantar VAMOS BRINCAR DE ÍNDIO, pois com Índio não se brinca, se respeita.

Carlos Silva.

Mestre de Cultura Popular

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 19/04/2018
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